sexta-feira, abril 01, 2005

Naive

Desde criança possuo um hábito que julgava ímpar.Talvez por nunca ninguém ter me questionado a respeito daquilo, ou pura e simplesmente compartilhado esses momentos, eu imaginava ser pessoal e passei a tratar como um segredo.
Tudo começou nas longas viagens de ônibus, privilégio que eu tive por estudar no centro da cidade. Como ler no ônibus me causava uma tremenda dor de cabeça, fui obrigado a utilizar minha própria imaginação.As vezes ficava contando quantas pessoas passavam na rua, quantas entravam no veículo. Estava sempre pronto a dizer quanto aquele ônibus deveria faturar por dia. Mas isso rapidamente me enjoou. Na média o ônibus sempre faturava a mesma coisa, enquanto eu não faturava nada. Então passei a levar um walkman para me distrair com algum som. Alguma coisa que impedisse a mente de calcular. E com a mente mais livre eu passei a sonhar. Sonhar acordado, sonhos de menino, de ser ídolo de futebol, de ser um cantor (invariavelmente o que estava cantando a música no momento) ou entao, ser só o compositor, uma pessoa não tão exposta como o cantor mas que tinha crédito.
Não era a fama que me atraía nos meus sonhos conscientes.

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