Fazendo o Vinho Fluir
Correndo para o Oceano sem nunca retornar
Veja como belos cachos refletidos por espelhos brilhantes em quartos suntuosos,
Mesmo sendo negros como a seda pela manhã, à noite tornam-se brancos como a neve.
... Ah, deixai o espírito do homem se aventurar por onde quiser
E nunca inclinar uma taça vazia em direção à lua!
Já que os céus concederam a capacidade, usemo-la!
Role mil peças de prata, todas voltarão!
Asse uma ovelha, mate uma vaca, satisfaça o apetite,
E me traga, vindo de trezentas jarras, um grande drinque!
... Ao velho mestre, Tsen,
E ao jovem acadêmico, Tan-chiu,
Traga o vinho!
Que suas taças nunca descansem!
Que eu cante uma canção!
Que seus ouvidos se entretenham!
O que são o sino e o tambor, pratos raros e tesouro?
Que eu esteja sempre bêbado e nunca retome a consciência!
Homens sóbrios da antiguidade e sábios são esquecidos,
Mas os grandes bebedores são famosos para sempre.
...Príncipe Chen pagou, em um banquete em seu Palácio da Perfeição,
Dez mil moedas por um barril de vinho, com muitas risadas e boas tiradas.
Me diga, meu anfitrião, o porquê de seu dinheiro ter sumido?
Vá e compre vinho e beberemos juntos!
Meu cavalo decorado com flores,
Minhas peles valendo milhões,
Entreguem-nos ao garoto e que ele os troque por vinho bom,
E afogaremos os sofrimentos de dez mil gerações!
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Tradução livre criada a partir da versão em inglês do texto originalmente em chinês do poeta Li Po, também conhecido como Li Bai (701-762). Bai participou ativamente da cena cultural da Dinastia Tang e fazia parte do grupo conhecido como “Os Oito Imortais da Taça de Vinho”.
A morte do autor é atribuída a envenenamento por álcool. Entretanto, alguns relatos dizem que Bai morreu afogado ao tentar abraçar, completamente bêbado, o reflexo da Lua no Rio Yangtze.
O poema deu origem a uma fala do filme “Drunken Master”, dirigido por Woo-ping Yuen e estrelado por Jackie Chan em 1978: “Sober men and sages are lost through the ages but great drinkers never die”.
Aproximadamente 1.100 de seus poemas sobreviveram ao tempo e, hoje, Li Bai é considerado, juntamente com seu colega de copo Du Fu, um dos dois maiores poetas da história da China.